Foto: Isabel Pinto
Quando fui à procura do duplo CD de António Pinho Vargas - Solo - à FNAC, no fim de semana de lançamento, estava esgotado. Consegui tê-lo alguns dias depois. Escutá-lo foi voltar a uma casa nunca esquecida e guardada na memória.
Pinho Vargas não perdeu tempo durante estes anos. Compôs e estudou. Estudou muito. Voltar a tocar estas peças, hoje, reflecte esse amadurecimento. Nota-se no despojamento e simplicidade conseguida. Nota-se muito bem na noção dos limites. Pinho Vargas sabe até onde pode ir, nomeadamente quando improvisa. Sabe que raramente existem obras acabadas, daí intitular os discos "Imperfeições". E sabemos nós que as obras imperfeitas podem ser belas, como estas peças são - incrivelmente belas.
Recordo o concerto dado por Pinho Vargas na Culturgest há uns anos para comemorar, salvo erro, uns vinte e cinco anos de carreira. No momento mais esperado, a peça Tom Waits, o acompanhamento reduziu-se a Rui Júnior, descalço, acompanhando a peça com uma pequena caixa de areia.
Neste disco nada mais há que Pinho Vargas e um piano. Os temas surgem límpidos; os improvisos, contidos. Pinho Vargas sabe que Keith Jarrett há apenas um e, evocando esse estilo, não insiste excessivamente. Nem precisa.
Neste disco nada mais há que Pinho Vargas e um piano. Os temas surgem límpidos; os improvisos, contidos. Pinho Vargas sabe que Keith Jarrett há apenas um e, evocando esse estilo, não insiste excessivamente. Nem precisa.
Sabedoria, clareza, contenção. Apenas música, tanto quanto humanamente possível, perfeita.
Sem comentários:
Enviar um comentário