quinta-feira, 31 de julho de 2008

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As férias são uma necessidade e não um luxo. Não são a diversão por decreto, ou uma qualquer joie de vivre imposta por revistas da moda e cronistas in, de inúteis, que vivem de convencer os outros da existência de uma vida realizada ao virar da esquina ou no destino do próximo voo. Falar de silly season é um erro perigoso: esta é a época em que, exaustas e mortas por fugir para qualquer lado, as pessoas estoiram orçamentos nas maiores atrocidades e cometem os maiores erros dos quais, em Outubro, se arrependem amargamente. As férias não são, ou não deveriam ser, dias e noites a queimar os miolos e o canastro numa correria alucinada a ver quem se divertiu mais. Devem, ou deveriam ser, uma pausa na vida brutal e exigente que levamos, que sempre levámos e que sempre levaremos. Uma reposição nas reservas de capacidade física e de lucidez.

Escrevia há muitos anos Vasco Pulido Valente, uma das cabeças mais lúcidas de que tenho memória, que nunca tinha percebido aquela coisa de “dar praia às crianças”. Subscrevo integralmente. E é também por isso que irei para Norte, esse Norte português assombroso, nesta época povoado por portugueses de torna-viagem, que os outros rumaram, zombificados, para os cemitérios de betão com forro de plástico que cobrem o Algarve.

A quem ficou por aqui, deixo no gira-discos música para fechar os olhos e descansar. Imaginem o fundo do mar. É mais real este mar que aquele que vendem as agências de viagem.

Até daqui a duas semanas.

1 comentário:

Ricardo disse...

Magnífico post! Boas férias!