quinta-feira, 31 de julho de 2008

Image Hosted by ImageShack.us
As férias são uma necessidade e não um luxo. Não são a diversão por decreto, ou uma qualquer joie de vivre imposta por revistas da moda e cronistas in, de inúteis, que vivem de convencer os outros da existência de uma vida realizada ao virar da esquina ou no destino do próximo voo. Falar de silly season é um erro perigoso: esta é a época em que, exaustas e mortas por fugir para qualquer lado, as pessoas estoiram orçamentos nas maiores atrocidades e cometem os maiores erros dos quais, em Outubro, se arrependem amargamente. As férias não são, ou não deveriam ser, dias e noites a queimar os miolos e o canastro numa correria alucinada a ver quem se divertiu mais. Devem, ou deveriam ser, uma pausa na vida brutal e exigente que levamos, que sempre levámos e que sempre levaremos. Uma reposição nas reservas de capacidade física e de lucidez.

Escrevia há muitos anos Vasco Pulido Valente, uma das cabeças mais lúcidas de que tenho memória, que nunca tinha percebido aquela coisa de “dar praia às crianças”. Subscrevo integralmente. E é também por isso que irei para Norte, esse Norte português assombroso, nesta época povoado por portugueses de torna-viagem, que os outros rumaram, zombificados, para os cemitérios de betão com forro de plástico que cobrem o Algarve.

A quem ficou por aqui, deixo no gira-discos música para fechar os olhos e descansar. Imaginem o fundo do mar. É mais real este mar que aquele que vendem as agências de viagem.

Até daqui a duas semanas.

sábado, 26 de julho de 2008

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Nota ao post anterior: não tenciono pôr nenhuma música deste disco no gira-discos aqui ao lado, pelo menos durante muito tempo. Comprem-no, que o músico merece.

domingo, 20 de julho de 2008

Image Hosted by ImageShack.us
Foto: Isabel Pinto

Quando fui à procura do duplo CD de António Pinho Vargas - Solo - à FNAC, no fim de semana de lançamento, estava esgotado. Consegui tê-lo alguns dias depois. Escutá-lo foi voltar a uma casa nunca esquecida e guardada na memória.

Pinho Vargas não perdeu tempo durante estes anos. Compôs e estudou. Estudou muito. Voltar a tocar estas peças, hoje, reflecte esse amadurecimento. Nota-se no despojamento e simplicidade conseguida. Nota-se muito bem na noção dos limites. Pinho Vargas sabe até onde pode ir, nomeadamente quando improvisa. Sabe que raramente existem obras acabadas, daí intitular os discos "Imperfeições". E sabemos nós que as obras imperfeitas podem ser belas, como estas peças são - incrivelmente belas.

Recordo o concerto dado por Pinho Vargas na Culturgest há uns anos para comemorar, salvo erro, uns vinte e cinco anos de carreira. No momento mais esperado, a peça Tom Waits, o acompanhamento reduziu-se a Rui Júnior, descalço, acompanhando a peça com uma pequena caixa de areia.

Neste disco nada mais há que Pinho Vargas e um piano. Os temas surgem límpidos; os improvisos, contidos. Pinho Vargas sabe que Keith Jarrett há apenas um e, evocando esse estilo, não insiste excessivamente. Nem precisa.

Sabedoria, clareza, contenção. Apenas música, tanto quanto humanamente possível, perfeita.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Image Hosted by ImageShack.us
Governo e PSD andam entretidos a discutir modelos de família. Estão deliciados apesar da irrelevância evidente da discussão - ambos sabem que cada um em sua casa continuará a fazer como lhe aprouver. Enquanto discutem o tema, impantes, passam ao lado daquilo que verdadeiramente conta mas que não têm, nem um nem outro, capacidade de resolver: a economia.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Image Hosted by ImageShack.us
Ontem, Domingo, curta deslocação ao Sul. Sinais dos tempos:

1) Às oito e meia da manhã, monumental fila de carros na 25 de Abril direita à Costa da Caparica. Férias? Pois.

2) Algures por alturas do Alentejo, grande cartaz da Brisa proclamando "VALE DOS PINHEIROS". Até onde a vista alcançava, sobreiros.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Image Hosted by ImageShack.us
Fui meter combustível no carro depois das 11 da noite. Bomba completamente cheia de gente, fazendo fila. Não estava previsto aumento à meia noite. Um dia perfeitamente incaracterístico - uma terça feira. Poder-se-ia admitir que é princípio do mês, mas os próprios empregados da etação estavam espantados com aquele afluxo de clientes que, diziam, tinha ocorrido subitamente, sem explicação, sem aviso, sem qualquer fenómeno colectivo que o justificasse.

Caos e complexidade. Quem não compreender estes conceitos ficará muito, cada vez mais, confuso.