Passei hoje algum tempo em transportes públicos. Raramente os uso. Não há mérito nem demérito neste facto, é apenas um facto. Levei um livro e li todo o tempo. Deu para alguns capítulos. À minha volta a esmagadora maioria limitava-se a olhar o vazio. Alguns mais jovem demoliam os tímpanos com phones. Na minha estimativa perdem-se muitos milhões de horas em transportes públicos que poderiam ter um excelente aproveitamento: ler.
A culpa não é toda das pessoas, que a cultura de imbecilização vigente ajuda, e muito. Mas a culpa também é delas.
(E não me digam que é do preço dos livros. Quantos ali dentro terão plasmas em casa? Eu não tenho. Nem lhe sinto a falta).
A culpa não é toda das pessoas, que a cultura de imbecilização vigente ajuda, e muito. Mas a culpa também é delas.
(E não me digam que é do preço dos livros. Quantos ali dentro terão plasmas em casa? Eu não tenho. Nem lhe sinto a falta).
6 comentários:
O caro amigo experimente andar em transportes públicos em hora de ponta e logo vê se tem sequer espaço para abrir o livrito...
Caro anónimo,
Tenho muitos anos de hora de ponta à moda antiga: daquelas em que a malta vinha à pendura nos comboios e nos eléctricos, e que se atirava contra a massa sólida de pessoas no metro da Rotunda às sete da tarde. Muitas vezes dava para ler; outras não. Nesses anos li, sem exagero, largas dezenas, talvez duas ou três centenas, de livros, nos transportes públicos.
Hoje os transportes são infinitamente mais confortáveis que há trinta e tal anos - os mais novos nem imaginam. Mas livros, isso, nem vê-los. É mais dar ao dedo no telemóvel. E é pena. A desculpa da falta de condições já não pega.
pois eu leio.
El País, mas leio.
Em última instância, acho que quem faz as opções são as pessoas.
A 'galeria' está aberta à escolha, mas a cultura de imbecilização utiliza processos quase maquiavélicos e ganha pontos a um ritmo alucinante.
Noto, apesar de tudo, em ambientes que me são familiares, jovens revoltados pelas quantias exorbitantes que vêem gastas nos locais de trabalho a bem dessa 'imposição' de estupidez, outros que moderam naturalmente o tempo utilizado nas enormes possibilibades disponíveis e adolescentes que adormecem com o livro na mão e o telemóvel sem som.
É esperança :)
Pouco clara, como sempre.
Mesmo bombardeados por todos os lados, a opção é das pessoas, certo?
Concordo com tudo. O olhar e o vazio e o desperdiçar tempo são coisas que me causam uma sensação muito forte de estranheza. É sensação ainda é maior quando se pensa naqueles que não lêem e olham o vazio e nem sequer estão sentados num transporte público mas sim e simplesmente num banco de jardim.
E mesmo para os que não têm dinheiro para plasmas e são mesmo pobres: há sempre a feira de Odivelas e outras.
Neste momento leio "A Ilha do Tesouro" do Stevenson. Comprei-a em segunda (ou talvez terceira) mão na feira por um euro...
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